"O alvoroço da primeira hora é melhor;
esse estado de alma que vê na inclinação do arbusto, tocado pelo vento,
um parabéns da flora universal, traz sensações mais intimas e finas que qualquer outro."
Machado de Assis, em Dom Casmurro
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Escritos antigos - 31.7.05
Escuta...
Ouve a noite que diz
Em seus passos lentos
Que não há Tempo para se Viver
Senão estando aqui
E as horas lentas do Noturno se desmacham aos poucos
Passo a passo
Passo pelo Mundo à passeio
Passo pela Vida de atraso
Vivo aos poucos mas Vivo tudo
Vivo Intenso, morro mudo
A Noite é linda
O Dia curto...
Ouve a noite que diz
Em seus passos lentos
Que não há Tempo para se Viver
Senão estando aqui
E as horas lentas do Noturno se desmacham aos poucos
Passo a passo
Passo pelo Mundo à passeio
Passo pela Vida de atraso
Vivo aos poucos mas Vivo tudo
Vivo Intenso, morro mudo
A Noite é linda
O Dia curto...
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Este que sou...
Este que sou quando a noite cai
e sob mim brilha a Lua
Não é o mesmo que acorda e sai
Para viver uma realidade mais crua.
Aqui, sentado no chão do mundo,
protegido pelo teto de estrelas,
há o lirismo que me faz mudo.
E sou sempre o mesmo,
onde quer que esteja.
Sou a solidão do som da alvorada.
A pedra chutada do caminho.
Qualquer curva de um espaço vazio.
Sob a Lua, sempre solitário... jamais sozinho.
e sob mim brilha a Lua
Não é o mesmo que acorda e sai
Para viver uma realidade mais crua.
Aqui, sentado no chão do mundo,
protegido pelo teto de estrelas,
há o lirismo que me faz mudo.
E sou sempre o mesmo,
onde quer que esteja.
Sou a solidão do som da alvorada.
A pedra chutada do caminho.
Qualquer curva de um espaço vazio.
Sob a Lua, sempre solitário... jamais sozinho.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira
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