quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pouco me importa que as coisas são grandes
Que neste mundo são necessárias enormes quantias
E que qualquer um precisa ser líder de alguma coisa.

Eu olho para o céu e é grande a Lua
Meus pés tocam a areia e inúmeros grãos os sustentam
E o Sol é o grande líder da Vida.

Sei de tudo isso...
E me alegra ser um pedaço pequeno do mundo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"O alvoroço da primeira hora é melhor;
esse estado de alma que vê na inclinação do arbusto, tocado pelo vento,
um parabéns da flora universal, traz sensações mais intimas e finas que qualquer outro."
Machado de Assis, em Dom Casmurro

Escritos antigos - 31.7.05

Escuta...
Ouve a noite que diz
Em seus passos lentos
Que não há Tempo para se Viver
Senão estando aqui

E as horas lentas do Noturno se desmacham aos poucos
Passo a passo
Passo pelo Mundo à passeio
Passo pela Vida de atraso
Vivo aos poucos mas Vivo tudo
Vivo Intenso, morro mudo
A Noite é linda
O Dia curto...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento trèmulamente sobre águas eternas."
Álvaro de Campos, em Ode Marítima

Este que sou...

Este que sou quando a noite cai
e sob mim brilha a Lua
Não é o mesmo que acorda e sai
Para viver uma realidade mais crua.

Aqui, sentado no chão do mundo,
protegido pelo teto de estrelas,
há o lirismo que me faz mudo.

E sou sempre o mesmo,
onde quer que esteja.

Sou a solidão do som da alvorada.
A pedra chutada do caminho.
Qualquer curva de um espaço vazio.
Sob a Lua, sempre solitário... jamais sozinho.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei



Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive



E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada



Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar



E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

contando moedas sobre a mesa
para ver se meus sonhos ainda preechem um punhado